20111031

Nova página

Para quem quiser conferir onde busco inspiração e blogs interessantes, você pode encontrar na barra acima a nova página:

Vale a pena ver

Porque a troca de conhecimento nunca é demais.

Ela estará em constante atualização, então dar uma olhadinha básica nela de vez em quando, com certeza "valerá a pena".


quando a praça não é mais a mesma. Vendôme.

Recebido o ok do designer Arnaud Lapierre, não me resta nada mais do que publicar a sua última obra - temporária - aplicada na Place Vendôme, em Paris.

Particularmente tenho essa praça como uma das minha preferidas desde que eu estudei ela durante a faculdade em Porto Alegre. Um pouco diferente como configuração de uma praça para a época, a Vendôme tem as esquinas sextavadas, e o ingresso dela não se dá pelas quinas mas por um eixo central. O desenho partiu do arquiteto Jules Hardouin-Mansart (sim, o termo mansarda se deve a ele), com a planta otogonal e os edifícios simétricos ao seu redor, a pedido de Luís XIV. A idéia era abrigar a Biblioteca Real ali.




Engraçado, mesmo tendo estudado ela, quando fui conferir pessoalmente, ela me pareceu muito mais imponente e grande daquilo que eu esperava. Realmente, uma boa surpresa! Me encantei ainda mais com a Praça.

Você pode encontrar hoje as maiores joalherias, o Ministério da Justiça e o Hotel Ritz - onde a Lady Di passou as suas últimas horas antes do fatídico acidente.

Mas voltando ao motivo principal do post, durante poucos dias, de 20 a 23 de outubro deste ano, o designer Arnaud Lapierre expôs uma de suas obras ao lado do obelisco, procurando mudar a nossa percepção do espaço - já tão conhecido e estudado - e dando um quê de 'era digital' à praça.


foto Eric Mercier

Como?

Criando um volume cilíndrico vazado formado por espelhos cúbicos. Os reflexos 'cortados' acabam dando um ar vertiginoso à obra, tornando difícil perceber quando a imagem é refletida e quando é a paisagem real.
Chamada "Ring", ou anel em português, a instalação procurou valorizar a rede do espaço urbano: ritmos, fluxos, organização e hierarquia espacial, tornando dinâmica a relação entre o indivíduo e o espaço por onde está passando.

foto Eric Mercier

foto Eric Mercier

foto Eric Mercier

foto Eric Mercier




Ficha técnica:
RING - instalação de espelhos
designer Arnaud Lapierre - arnaud-lapierre.com


2011 FIAC 
AUDI.
Dimensões: 5500 x 4000 mm



Foto : ALDS and  © Eric Mercier: emspirit.fr
Copyright © Arnaud Lapierre





20111027

publicidade: mais verde na cidade

Logo que os dias ficaram mais quentes, ensolarados e longos, na Corso de Porta Ticinese em Milão, uma parede fez muito sucesso.
Sim, uma parede. O que tinha nela? PUBLICIDADE.

Mas não qualquer uma…

Antes tenho que contextualizar melhor a situação: a Corso de Porta Ticinese é uma rua muito importante para Milão, histórica porque quando você passa a Porta - da primeira muralha, período medieval da cidade - a rua conduz você até a segunda Porta, erguida alguns anos antes de Napoleão Bonaparte perder o seu poder (sim, Milão foi dominada por alguns anos pelo ditador francês). Essa segunda porta é praticamente do lado dos dois cursos de rio canalizados conhecidos como Navigli - Grande e Pavese. E mais uma cursiosidade: sim, Milão era cheia de canais, conhecida como a "Venezia dentro do continente". 

Voltando à publicidade e o que ela tem de particular...

Ao longo dessa rua, todos os prédios são relativamente recentes se comparados com a história da estrada, já que durante a Segunda Guerra Mundial, todos os edifícios foram destruídos pelos bombardeios. Como cicatriz na cidade, existem ainda alguns lotes não totalmente construídos, e daí a parte feia da edificação moderna: você vê a lateral cega do edifício do lote ao lado. 

Aproveitando toda essa área morta e sem identidade, a Peugeot contratou a Temprano para fazer a publicidade do novo carro - iOn - 100% elétrico. 

Até aí nenhuma novidade. Estamos cansados de ver espaços disponíveis ou pouco aproveitados sendo utilizados para a publicidade urbana, o que acaba causando muitas vezes uma poluição visual desnecessária e desagregadora, tornando todas as cidades um pouco 'Las Vegas'. 

O que tem de interessante aí é: como transmitir à população a mensagem desse carro que não polui? 

CRIANDO UMA PAREDE VERDE! 

Claro, por que não?
Uma tecnologia que vem sendo utilizada normalmente, mais para ambientes internos, como mostrei anteriormente nesse post.
Confira o resultado aqui embaixo e me diga o que você achou!





20111023

domingo: dia de trabalho

Olá,

engraçado como algumas coisas acontecem simultaneamente e são totalmente conectadas. Acordei hoje disposta a trabalhar, e como o inverno está chegando, o meu quarto não é mais tão claro quanto antes. O sol já não entra pela janela onde coloquei a minha escrivaninha, e trabalhar em um canto escuro no inverno me parece mais pesadelo do que momento de concentração e inspiração.
A medida tomada foi muito prática, como já dizia na Bíblia (e não sou tão religiosa assim) se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé. No meu caso Maomé é o sol. Antes ele vinha até a minha montanha (escrivaninha). O jeito foi arrastar ela até a janela, assim ao menos a claridade chega com tudo!
Aproveitando essa mudança, fiz uma limpeza e arrumação básica na superfície de trabalho.

a dita cuja, agora na janela. O melhor é aproveitar o calorzinho que vem do aquecimento centralizado... Tudo de bom. Repare no que o laptop está apoiado... tecnologia!
VIKA ALEX Cassettiera
VIKA AMON Piano tavolo - 150x77cm bettula


VIKA OLEBY gamba

 A composição de peças foi inventada quando fui no IKEA, e tenho que dizer que foi uma sacada legal comprar uma base com gavetas ao invés dos tradicionais pés. Ao menos em um lado tenho um outro plano de apoio, deixando livre a superfície onde estou trabalhando.

depois de arrumada. Sim, tenho dois teclado, o preto é com a configuração em português, enquanto o do laptop é em italiano.
adoro a junção do pé na mesa... coisa de arquiteto.

e do outro lado, a escrivaninha é só apoiada sobre o gaveteiro. Espaço livre para a bagunça!


 A mesma idéia foi o conceito para a  mesa que vocês verão abaixo. Nada melhor do que livrar a escrivaninha de todos os apetrechos possíveis.

Etc. Etc. criou a mesa My Writing Desk. Na busca de uma organização maior para o trabalho, tendo espaço para todos os acessórios e objetos da vida moderna em modo acessível, inclusive pensando nos fios elétricos, a My Writng Desk foi muito bem desenhada.

desing simples e bonito.

adorei o espaço atrás do computador. Perfeito para apoiar os desenhos e textos.

o canto posterior merece o seu destaque, o negativo não só permete a passagem organizada da fiação, como também apoiar a bolsa. digamos que se vê que foi projetada por duas mulheres
 
 bétula e branco. adoro.

E agora, vamos ao trabalho!

Bom domingo a todos!


eu sou do sul.

Chegando hoje à estação central de Milão, com o frio do inverno se aproximando, como uma boa gaúcha bateu a vontade do chimarrão. Mais do que nunca.

Eis então que entro no mercado de "comida internacional" e encontro a erva-mate da MINHA CIDADE! Em frações de segundos um pacote já estava na minha mão.




Assim como o post do leite condensado, eu me coloquei a questão: mas da onde mesmo veio essa tradição? Quem pensou primeiro nela?

ORIGEM:
Talvez seja uma das poucas coisas realmente locais. O chimarrão não foi importado por nenhum colonizador ou imigrante. A origem vem das tribos do sul da América do Sul: guaranis, quíchuas e aimarás.
São três elementos particulares que compõem o chimarrão:



1 - A cuia é um fruto. Da cuieira (óbvio, não?), também conhecida como Porongo. A proporção entre a boca da cuia e depois a parte mais estreita faz o chimarrão ser melhor ou pior. Nada como a experiência para escolher a melhor opção.
O chimarrão bom é tomado na cuia de porongo, que pode ser enfeitada com ouro, prata ou encisões. Existem outras versões, em metal ou vidro, mas garanto que não é a mesma coisa. "Curtir" a cuia, deixar que ela absorva o sabor da erva-mate é como a cafeteira Moka na Itália. A qualidade do chimarrão aumenta.
Na língua dos quíchuas, matty era a cuia, o que mais tarde virou mate.






2 - A bomba. Talher normalmente feito de prata e enfeitado com pedras preciosas ou semi-preciosas, é anatômico e feito especialmente para o chimarrão. Tem uma peneira um pouco maior de uma moeda para que a erva seja filtrada, e na outra ponta uma piteira, muitas vezes em ouro.



3 - A erva-mate. Ilex paraguariensis é o nome científico, planta subtropical do Sul e Centro-Oeste da América do Sul. A árvore é de pequeno porte e necessita de sombra. A cultivação vem sendo mesclada com a da Araucária, pinheiro praticamente em extinção existente só no sul do Brasil. Esta filtra o sol para o plantio da Ilex, e ao mesmo tempo evita o desgaste do solo.


IRONIAS DA VIDA:

Ao contrário do que as más línguas falam da erva, ela tem altos poderes afrodisíacos, sendo ingerida contra a infertilidade e a impotência. (GIL, Felipe. No rastro de Afrodite: plantas afrodisíacas e culinária).


No século XVI os jesuítas chegaram a proibir o chimarrão nas reduções do Guairá, chamando a erva-mate de erva do diabo. No século seguinte, os mesmo incentivaram a retomada do chimarrão para vencer o alcoolismo.


Procurando na internet, achei um texto muito bom do Pércio de Moraes com os 10 mandamentos do chimarrão. E como chimarrão quero dizer aquele do Sul do Brasil*. Reproduzo ele aqui:

01- NÃO PEÇAS AÇÚCAR NO MATE
O gaúcho aprende desde piazito o porquê o chimarrão se chama também mate amargo ou, mais intimamente, amargo apenas. Mas se tu és de outros pagos, mesmo sabendo, poderá achar que é amargo demais e cometer o maior sacrilégio que alguém pode imaginar nesse pedaço do Brasil: pedir açúcar. Pode-se por água, ervas exóticas, cana, frutas, feldspato, dollar, etc… mas jamais açúcar. O gaúcho pode ter todos os defeitos do mundo, mas não merece ouvir um pedido desses. Portanto, tchê, se o chimarrão te parece amargo demais, não hesites, pede uma coca-cola com canudinho. Tu vais te sentir bem melhor.

(m: e pensar que isso acontece sempre... vale a pena divulgar mesmo o mandamento!)
 
02- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO É ANTI-HIGIÊNICO
Tu podes achar que é anti-higiênico por a boca onde todo mundo põe. Claro que é. Só que tu não tens o direito de proferir tamanha blasfêmia em se tratando de chimarrão. Repito: pede uma coca-cola de canudinho. O canudo é puro como a água de sanga (pode haver coliformes fecais e estafilococos dentro da garrafa, não nele).


03- NÃO DIGAS QUE O MATE ESTÁ QUENTE DEMAIS
Se todos estão chimarreando sem reclamar da temperatura da água, é porque ela é perfeitamente suportável por pessoas normais. Se tu não és uma pessoa normal, assume tuas frescuras (caso desejes te curar, recomendamos uma visita ao analista de Bagé). Se, porém, te julgas perfeitamente igual aos demais, faze o seguinte: vai para o Paraguai. Tu vai adorar o chimarrão de lá.

(m: antes que perguntem, sim eles tomam frio)
 
04- NÃO DEIXES UM MATE PELA METADE
Apesar da grande semelhança que existe entre o chimarrão e o cachimbo da paz, há diferenças fundamentais. Como o cachimbo da paz, cada um dá uma tragada e passa-o adiante, já o chimarrão não. Tu deves tomar toda a água servida até ouvir o ronco da cuia vazia. A propósito, leia logo o mandamento abaixo.




05- NÃO TE ENVERGONHES DO "RONCO" NO FIM DO MATE
Se, ao acabar o mate, sem querer fizer a bomba "roncar", não te envergonhes. Está tudo bem, ninguém vai te julgar mal-educado. Esse negócio de chupar sem fazer barulho vale para a coca-cola com canudinho que tu podes até tomar com o dedinho levantado.

(m: o ronco deixa o anfitrião satisfeito da aprovação e contentamento da visita, melhor não comprar briga)

06- NÃO MEXAS NA BOMBA
A bomba de chimarrão pode muito bem entupir, seja por culpa dela mesma, da erva ou de quem preparou o mate. Se isso acontecer, tens todo o direito de reclamar. Mas por favor, não mexas na bomba. Fale com quem te passou o mate ou com quem lhe passou a cuia. Mas não mexas na bomba, não mexas na bomba e, sobretudo, não mexas na bomba.

(m: e ali se aplica uma lei da física. Existe o modo correto de colocar a bomba justamente para não entrar ar e ficar "entupida". Sim, estudamos física também)


07- NÃO ALTERE A ORDEM EM QUE O MATE É SERVIDO
Roda de chimarrão funciona como cavalo de leiteiro. A cuia passa de mão em mão, sempre na mesma ordem. Para entrar na roda, qualquer hora serve, mas depois de entrar, espera sempre a tua vez e não queiras favorecer ninguém, mesmo que seja a mais prendada prenda do estado.

(m: motivo de brigas e piadas até dentro da própria família)

08- NÃO CONDENES O DONO DA CASA POR TOMAR O PRIMEIRO MATE
Se tu julgas o dono da casa um grosso por preparar o chimarrão e tomar ele próprio o primeiro mate, saibas que o grosso és tu. O pior mate é o primeiro, e quem toma está te prestando um favor.

(m: já que normalmente o mate é considerado muito forte pela visita, o anfitrião faz o favor de deixá-lo mais agradável ao paladar delicado...)

09- NÃO DURMAS COM A CUIA NA MÃO
Tomar mate solito é um excelente meio de meditar sobre as coisas da vida. Tu mateias sem pressa, matutando… E às vezes te surpreendes até imaginando que a cuia não é cuia, mas o quente seio moreno daquela chinoca faceira que apareceu no baile do Gaudêncio… Agora, tomar chimarrão numa roda é muito diferente. Aí o fundamental não é meditar, mas sim integrar-se à roda. Numa roda de chimarrão, tu falas, discutes, ris, xingas, enfim, tu participas de uma comunidade em confraternização. Só que essa tua participação não pode ser levada ao extremo de te fazer esquecer a cuia que está na tua mão. Fala quanto quiseres mas não esqueças de tomar o teu mate que a moçada tá esperando.

(m: até porque nesse meio tempo a erva se esfria, e o chimarrão seguinte será prejudicado. pense no próximo)

10- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO DÁ CÂNCER NA GARGANTA
Pode até dar. Mas não vai ser tu, que pela primeira vez pega na cuia, que irás dizer, com ar de entendido, que o chimarrão é cancerígeno. Se aceitaste o mate que te ofereceram, toma e esqueces o câncer. Se não der para esquecer, faz o seguinte: pede uma coca-cola com canudinho que ela… etc… etc…

(m: pode ser coca-cola zero ou light também...)


o porongo ainda fruto.

* Enquanto nos outros países da América do Sul o chimarrão é conhecido por mate (castelhano) e de origem individualista, o chimarrão brasileiro tem como principal característica a reunião dos amigos, da família, formando a roda em torno da cuia, que também é maior. Ultimamente a cuia menor vem sido adotada, principalmente porque na vida moderna a confraternização se tornou um pouco mais difícil. Mas nunca vai deixar de existir.

20111022

personalidade do dia. SVICOLANDO

Um dos grandes nomes do design italiano no século XX, Vico Magistretti tem no seu currículo um conjunto deslumbrante e muito variado, dificilmente comparável a outros designers.



Móveis, arquitetura e cotidiano, inspirado pelos ideias modernistas depois da Segunda Guerra Mundial, ele procurou criar um tipo de design anônimo - simples, funcional, racional, elegante - para parecer que o objeto era mais a evolução natural do que uma criação proposital. Daí podemos entender uma famosa frase sua a respeito disso:
Eu gosto do conceito do design, aquele que é talmente claro e simples que você pode se permirtir a não desenhá-lo. Muitos dos meus projetos eu passei por telefone.
Tendo um museu só seu - o antigo escritório foi transformado no "santuário" - a Fundação Vico Magistretti foi fundada em janeiro do ano passado pela sua filha, para preservar e publicar os arquivos, mostrando todas as facetas do designer. Nascido em 1920, formado em Arquitetura no Politécnico de Milão em 1945, acabou deixando todos em 2006, depois de 60 anos de trabalho.

a Fundação Vico Magistretti


SVICOLANDO

A idéia nasceu como um museu a céu aberto. São 20 locações espalhadas em Milão até o dia 28 de outubro, que contam um pouco da vida e do design de Magistretti.

Foram criados dois percursos pela cidade:

itinerário do DESIGN - começando pela Triennale de Milano, se inicia o percurso em 6 showrooms das empresas que contribuíram para a criação da FVM: Artemide, Cassina, De Padova, Flou, Oluce e Schiffini. Em cada um deles estão expostos modelos dos produtos criados exclusivamente pelo designer, sendo praticamente a complementação do Museu.

itinerário da ARQUITETURA - 14 edíficios dos projetos mais significativos, escolhidos pela acessibilidade através dos meios públicos, seguindo principalmente o traçado das linhas de metrô da cidade - conforme ele "a única coisa moderna da cidade". Dá para ver que o cidadão era muito provocatório.

a cadeira Selene - inovação na seção S dos pés para dar equilíbrio e resistência aos 3mm de espessura do material plástico

Dalù - Artemide

criação para Cassina

Eclisse - Artemide

Maui - Kartell







20111004

tempos modernos: BARBIE

Muito bem, foi-se o tempo em que os brinquedos e desenhos em quadrinhos ou animados deixaram de ser "bonitinhos" e "fofinhos". A infância não é mais tão ingênua como até os anos 80. Infelizmente, eu diria.

Mas sem entrar em questões morais ou sejá la o que for - ainda mais se tratando dessa polêmica boneca - apresento duas Barbies atuais.

Após ler que ainda tem muito machismo escondido nos brinquedos infantis - como por exemplo coisas de casa e beleza na cor rosa, ou então coisas científicas e práticas terem a publicidade voltada para os meninos - a Mattel resolveu dar uma modernizada no look.

Achei tão legal a Barbie do Tokidoki, que nem me importaria em voltar a brincar de boneca! (Desde que o meu Ken continue fazendo o trabalho doméstico como nas minhas brincadeiras...)





* Tokidoki é o nome de um grupo de design fundado aqui na Itália por Simone Legno. E eles estão fazendo muita coisa legal. Dá uma conferida no site deles: www.tokidoki.it

A segunda Barbie entrouna categoria profissões.
Roupas e características foram resultado de uma pesquisa em diversas faculdades de Arquitetura, perguntando às estudantes o seu estilo.

Como arquiteta, diria que ainda não chegou lá, mas está no caminho!



Sejamos sinceros, a casa rosa não precisava!







20111002

texturas e misturas: pé-de-galinha

Não, não estou fazendo referências às famosas ruguinhas nos cantos dos olhos. A inspiração para esse post veio já faz um tempo. 
Desde quando eu escrevi sobre a Elsa Schiaparelli no post Rosa Schoking - e sua "
concorrência antagonista com Coco Chanel - e sobre a família Missoni com as suas particulares estampas, me deparei com esse tema têxtil. Tudo o que é bem feito, bem pensado, permanece e sobrevive ao tempo.

Pied de Poule

tradução para o nosso português, o velho e bom pé-de-galinha.



Nascido a partir de um tecido com padrão de tecelagem em diagonal - conhecido também como ligamento sarja - adquire como característica principal, uma maior resistência. É através desse tipo de tecelagem que nasce o denim, a batavia, a espinha de peixe e o pé-de-galinha. 

batavia
a base do nosso jeans de cada dia.
espinha-de-peixe

pied-de-poule


Este último, sendo já utilizado no início do século XX, deve sua fama graças ao emprego nas coleções de Coco Chanel e Dior. O tecido que originalmente era feito em lã, preto e branco, e de uso massivamente masculino foi adaptado pela revolucionária estilista francesa e se transformando em um clássico do guarda-roupa feminino.

A estampa continua tão irreverente e sinônimo de revolução que acabou sendo utilizada pela mais-do-que-polêmica Lady Gaga (a ponto de usar absolutamente em todo o seu figurino e arredores). E não só ela era fã desse tecido. Amy Winehouse estava desenhando a sua coleção baseada na trama. 

coleção póstuma Amy Winhouse

até o piano entrou no clima.

Pied de Coq

a versão em escala maior da trama acabou ganhando o nome de pé-de-galo. Depois dessa a família ficou completa!

à esquerda o pied-de-poule, à direita o pied-de-coq



Buscando a primavera brasileira


Muito bem, depois de um tempo de ausência, eis que temos um novo post. "Novo" é modo de dizer já que na verdade eu vou traduzir uma publicaça;a muito bacana sobre o nosso mestre Oscar Niemeyer. 

'E muito legal ver que a Arquitetura Brasileira é reconhecida mundialmente através do nome dele. Quem entende um pouco do assunto, e aqui quase todos entendem muito de Arquitetura, Artes, Design, etc, conecta logo o Niemeyer quando eu falo que sou arquiteta brasileira. 

A constância não é o meu forte, e isso se percebe no histórico do blog. Talvez porque eu estava tentando aproveitar os dias já não tão longos aqui na Itália, começou a anoitecer as 19h, enquanto que apenas um mês atrás o sol raiava até as 21.30 da noite... Triste pensar que em setembro aqui não tem os pássaros e as flores me esperando, mas de qualquer maneira as folhas secas no chão também tem o seu charme. 

Mas vamos ao que interessa:

Logo que eu vi o título do post no blog pensei: PRECISO REPASSAR!!! O texto é longo mas vale a pena :) Se trata da reprodução de uma entrevista dada em 2005 para Gerard Fournier.
Mandei logo um e-mail para o Yul Akors, que administra esse blog sobre arquitetura e urbanismo muito bacana:

http://laboratoireurbanismeinsurrectionnel.blogspot.com/

Foi publicado em 25 de setembro de 2011:

Arquitetura e política: OSCAR NIEMEYER





É muito difícil para os arquitetos conciliar a prática profissional em uma sociedade capitalista com o compromisso político do comunismo. Oscar Niemeyer, arquiteto e comunista, acaba confessando em uma entrevista recente uma certa mea culpa sobre a sua óbvia contradição:
Eu me sinto deprimido com o projeto apresentado. Eu construí edifícios públicos para o Estado, eu trabalhei sempre para os ricos. Nada mais. Eu nunca trabalhei para as classes desfavorecidas, quando a maioria dos meus conacionais fazem parte delas.
 Oscar Niemeyer faz parte da alta burguesia do Rio de Janeiro: uma das avenidas mais bonitas da cidade tem o nome do seu avô, rico fazendeiro e então Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil. Pode nos parecer normal que o filho de uma família próspera, esclarecido e progressista, acabe trabalhando com um dos maiores arquitetos do século XX: Le Corbusier. Em seguida, abriu o seu próprio escritório, sendo requisitado para as obras do governo mesmo tendo declarado em alto e bom som o seu ingresso no Partido Comunista. Na entrevista, Niemeyer, nascido em 1907, conta um pouco da sua longa trajetória.

Brasília, pode ser considerado por você a realização da cidade ideal, um modelo de sociedade?

A idéia de Brasília partiu do então Presidente Juscelino Kubitschek, politicamente um homem de Centro. Eu, então progressista. Me filiei ao Partido Comunista em 1945, mas durante a construção da Capital, éramos conscientes da vida brasileira e acreditávamos que seria uma boa cidade. Mas no momento que a obra terminou, eu levei um choque: era uma cidade moderna, muito bonita, bem contruída, mas como todas as cidades brasileiras, ela continuava com a discriminação, com a injustiça, com a segregação entre ricos e pobres. Estes últimos, como nos grandes centros urbanos, ficaram fora da cidade que eles próprios construíram. 

Catedral de Brasília



Como isso foi possível?
Eu era responsável pela Arquitetura, apenas pela Arquitetura. Mas quando eu penso nas cidades, tento imaginá-las para todos os tipos de pessoa. O desenvolvimento industrial se afastou do centro urbano, e juntamente com a indústria, os seus operários. A cidade, para ser digna, deve reunir todas as atividades, todas as pessoas; Poderia ser realizável, desde que se trate os problemas das suas próprias bases. Até aqui é simples: que todas as indústrias não sejam poluentes. Mas um projeto como esse afeta o fundamento principal da sociedade capitalista. E sozinho o arquiteto não tem poder para alterá-lo. Ao menos ele pode se opor ao conceito das 'cidades-operárias', dos 'bairros e casas populares'. Os trabalhadores não necessitam dessa atenção. É necessário mudar a sociedade mas atualmente os projetos arquitetônicos são feitos para a sociedade, refletindo a si própria.
Esta dificuldade causa desconforto entre o militante de esquerda e a sua arte?
O Arquiteto não é um homem solitário. O importante é que se trata da vida, e você deve se sentir satisfeito. A literatura, a beleza, tudo faz parte da vida. E a arquitetura é como todo o mundo: ela quer ajudar e facilitar a todos, neste mundo, nesta realidade cada vez mais veloz.  
Lição de arquitetura e um símbolo
Um olhar para uma cidade diferente, sim, e mais bonita, mais fraterna, sem discriminação ou monotonia. Logo, acho que o estudo da arquitetura deveria se livrar das disciplinas que acarretam na 'engenharização das coisas' e ser melhor colocada no mundo em que vivemos. Nós temos que ir além e olhar para outras perspectivas. Melhorar também os barracos nas favelas. Como diria Pessoa: 'eu não leio literatura, sei tudo'.
 A arquitetura selvagem, individual e remendada que surgiu nos Estados Unidos, por exemplo, representa a vontade de fugir da funcionalidade? É simplesmente para escapar da monotonia repetitiva. Mas este é um caminho falso. Existe muito material a disposição, para estudarmos e entendermos, para construir obras como as antigas Igrejas,  encontrando o sentimento que Freud chamou de "oceânico".

Monumento JK. Brasília


Você acredita que o seu trabalho corresponde ao seu ideal como ativista político?
Não. Tudo o que eu faço é criar emoções. Mas o arquiteto não está sozinho, nem fica calado. Ele deve levantar a voz para denunciar o que ele condena, não se tornando cúmplice. Assim como o trabalho de Gorki ou de Garcia Marquez engajados politicamente. E também tem a parte de Proust, é isso e aquilo, indissoluvelmente.

O golpe militar obrigou Niemeyer ao exílio, passado na França, onde foi amigavelmente acolhido pelo Ministro Andre Malraux e seus companheiros comunistas franceses. Ele realiza então a sede do Partido Comunista Francês (PCF) e a Praça dedicada ao Coronel Fabien. Para financiar o então ousado projeto de avanguarda para a Sala Central do Comitê, conhecida como 'bolha', Niemeyer recusou os seus honorários.

A 'bolha' do Partido Comunista Francês


Oscar Niemeyer retornou ao Brasil somente em 1980 e sendo sempre fiel ao comunismo. E como tal ele se coloca ao lado da Revolução Cubana de Fidel Castro e da Perestroika de Gorbachev.


O seu compromisso com o comunismo ainda é o mesmo?
Eu estou feliz, continuo na mesma estrada. Eu saí da escola, de uma família burguesa e com meu avô como Ministro do Supremo Tribunal Federal. Percebi que era necessário mudas as coisas, e imediatamente. E o caminho era o Partido Comunista. Me afiliei e até hoje continuo nele, seguindo seja nos bons ous maus momentos, como a vida impõe. Quando eu falava em Arquitetura, eu costumava dizer que a vida é mais importante do que ela. Que a vida pode mudar muito mais as coisas do que a Arquitetura. Eu acredito e digo a todos, arquitetos e estudantes, que não basta sair da universidade para ser um bom arquiteto. Você tem que ter conhecimento sobre a vida humana, a sua miséria, o seu sofrimento, para então fazer a Arquitetura de verdade, para criar.
O importante é compreender a vida e a importância de mudar o mundo. Buscamos a coerência. Todas terças-feiras eu faço um encontro no meu escritório com estudantes, intelectuais, cientistas e letrados. Nós trocamos idéias sobre filosofia, política, sobre o mundo, queremos entender a vida, mudá-la, para então mudar o ser humano.
No entanto, em um primeiro momento eu sou pessimista. Eu penso que o ser humano tem muita pouca perspectiva, mas deve viver honestamente,  conviver. Na segunda fase, eu compreendo que devo ser menos pessimista para ser mais realista. Compreender que a vida pode ser implacável com as pessoas, que cada um há a sua história. Existem muitas injustiças. O meu engajamento no Partido Comunista me deu esperança, solidariedade para lutar por um mundo melhor.

sede da Editora Mondadori em Segrate, Itália.



Qual a sua opinião sobre a situação política do Presidente Lula no Brasil, e em particular, sobre a evolução política na América Latina em geral?

Precisamos transformar a América Latina em um pólo de batalha, resistindo ao imperialismo americano. Entender que o povo americano é igual a qualquer outro, mas que a sua política é uma ameaça a toda a América Latina. Devemos nos proteger. Eu gostaria que o Lula fosse o líder dessa luta. Nós não vemos o seu governo ser muito amigável com o americano. Mas eu não sou pessimista, o movimento popular e progressista toma força, dando a impressão que o povo quer reagir a tudo isso.
Eu acho que quando a vida é muito difícil, a esperança brota do coração dos homens. Temos que lutar, temos que fazer a revolução. Não podemos tentar melhorar o capitalismo: ele é a fonte do que tem de pior no mundo. Precisamos de pessoas jovens engajadas, envolvidas para entrar na luta. Eu sei que o momento não é o mais proprício, mas temos que ter esperança.